Quando o fim de ano se aproxima é natural começar a pensar no cardápio da ceia de natal, uma data de união em que há o desejo de celebrar com alimentos saborosos e calor humano. A origem da ceia nesse período do ano remonta a tempos remotos antes de Jesus e dos registros bíblicos retratados no novo testamento.
Pagãos preparavam um grande banquete para celebrar o solstício de inverno, isso antes até da existência do Império Romano. A noite mais longa do hemisfério norte normalmente acontece entre os dias 22 e 25 de dezembro. Os cidadãos das aldeias celebravam juntos diante de uma grande mesa, os alimentos podiam ser usados até mesmo como presentes trocados entre as pessoas.
A tradição vem de povos pagãos antigos e os pratos, por sua vez, têm diferentes origens. O peru de natal, a grande estrela da ceia, é originário de povos indígenas da América do Norte. Já o bolinho de bacalhau e a rabanada são heranças deixadas pelos colonizadores portugueses. Continue lendo para saber um pouco mais sobre quais são os principais pratos da ceia de natal e a sua origem.
Conheça os Principais Pratos da Ceia de Natal
A seguir vamos apresentar os principais pratos da ceia de natal comentando a sua origem.
Peru
O prato principal de grande parte das ceias de natal do mundo todo, o peru assado, tem origem entre os povos que habitavam a América do Norte quando os europeus chegaram. Essa ave que é comum nas florestas dessa parte do continente americano já era domesticada por astecas e índios.
Inclusive esses povos tratavam esse prato como uma recompensa para quando a tribo conquistava um novo território. O prato servido em banquetes tinha como acompanhamento um molho a base de pimenta, alho-poró e cebolas. A ave que era chamada de ‘galinha da Índia’ teve seu sabor descoberto pelos europeus e então substituiu ganso, cisne e pavão na ceia de natal.
Biscoitos de Gengibre
Os saborosos biscoitos, em forma de homenzinhos natalinos, feitos de gengibre e mel remontam a Europa do século 15. Nesse período já existia a tradição de fazer casas e bonequinhos de pão de mel, algo que serviu de inspiração para os irmãos Grimm escreverem a história de João e Maria.
Uma lenda diz que esses biscoitos foram criação de monges do século 15 que tinham acesso aos ingredientes. No entanto, existe outra história que atribui a ideia a rainha Elizabeth I que solicitou aos seus cozinheiros que numa festa criassem biscoitos com a forma de homenzinhos com a cara dos convidados.
Porém, algo que se tem certeza é que havia um tipo rudimentar de pão de mel por volta do século 10 bastante consumido no território que hoje pertence à Rússia. Esse biscoito era chamado de ‘pryaniki’, um bolinho feito a partir da combinação de suco, farinha e suco de frutas.
Nozes e Castanhas
Por terem elevado valor calórico e serem fáceis de armazenar, as nozes e castanhas, se tornaram alimentos muito consumidos durante o período de temperaturas mais baixas do hemisfério norte. Na Europa e na Ásia as nogueiras são abundantes. O conto “O Quebra-Nozes” de Ernst Theodor Amadeus Hoffmann, de 1881, contribuiu para a popularização do alimento. O Brasil adaptou essa tradição incluindo na ceia outros tipos de castanhas como a castanha-do-pará.
Panetone
Apesar de existir várias histórias a respeito da criação do ícone das festas natalinas, o panetone, não há dúvidas de que ele nasceu na Itália. A história mais aceita é a de que por volta de 1.400 d.C. um jovem padeiro decidiu criar um pão doce especial para impressionar o seu patrão, dono de uma padaria, com o objetivo de se casar com sua filha.
A estratégia deu muito certo e não demorou para que os clientes procurassem pelo ‘Pani de Toni’ (pão do Toni) em várias padarias de Milão. A palavra se transformou então em ‘panattón’ (milanês) e em seguida em ‘panetone’ (italiano). O pão doce foi sendo modificado com o passar do tempo adquirindo o aspecto que possui hoje por volta do século 18. Hoje em dia, existem versões como o chocotone (com chocolate) e panetones com sorvete.
Bolinho de Bacalhau
Uma herança deixada pelos portugueses, o bolinho de bacalhau, é feito de batata e lascas de peixe. Um prato saboreado por aqui há pelo menos dois séculos e que tem sua primeira receita oficial apresentada no livro “Tratado de Cozinha e Copa” de 1904 que foi escrito pelo oficial português Carlos Bandeira de Melo.
Salpicão
Um prato da ceia de natal que é tipicamente brasileiro, seu nome deriva da palavra ‘salpicón’ que nas culinárias mexicana e francesa se refere a preparação de um ou mais ingredientes cozidos ou crus com um molho. Para os portugueses salpicão é um tipo de embutido.
Os primeiros registros de salpicão datam da década de 1950, existem algumas variações e os ingredientes que mais aparecem nesse prato são maionese, frango ou peru, batatas, pimenta, cenouras, pimentões e frutas como uva passa, cereja e abacaxi.
Frutas
Na Roma Antiga frutas eram servidas e usadas para decoração como uma homenagem ao ‘solstício de inverno’ (noite mais longa do ano), momento em que a Terra chega no ponto mais longe do sol. A ornamentação da mesa do banquete do solstício contava com uvas, tâmaras e pêssegos banhados a ouro. No Brasil há uma grande diversidade de cores e sabores devido a nossa profusão de frutas.
Leitão Assado
Um prato preparado para ocasiões festivas desde a fundação do Império Romano, no entanto, a venda desses animais começou somente no século 8, acredita-se que pelo surgimento de uma superpopulação. Como é um animal com muita gordura acumulada era bastante consumido durante o inverno, isso reforçava a alimentação. Outro ponto positivo é que o animal é facilmente conservado em sua própria banha.
Rabanada
Criado na península ibérica, a rabanada, era um doce para ajudar na recuperação das mulheres no pós-parto. Não demorou para a receita feita com pães, ovos e leite se tornasse uma das mais pedidas em tabernas de Madri, devidamente acompanhado por um bom vinho. No período da quaresma – em que não se come carne – passou a ser um prato bastante consumido. Os primeiros registros históricos desse prato são de Portugal no século 14.
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