A gastronomia brasileira é uma das mais conhecidas e cultuadas em todo o planeta. Isso porque, por conta de sua história de colonização, a nação recebeu diversos movimentos de migração de diversos outros territórios e, em seus mais de 500 anos de história, foi moldando a sua cultura ao que conhecemos hoje.
Muito da cultura diferenciada também se dá por conta da grande extensão territorial, que muitos consideram como um país continental, o que faz com a que a presença de diversos tipos de cultura na nação seja maciça. Por exemplo, enquanto em Minas Gerais um dos pratos mais conhecidos e adorados nos lanches é o delicioso pão de queijo, em São Paulo o bauru de forno lota as lanchonetes e restaurantes paulistas. O Sul, que tem uma grande influência europeia (principalmente alemã), mostra com mais afinco essa disparidade de culturas, buscando preservar os costumes aprendidos com os ancestrais europeus, apresentando aos brasileiros, talvez, a bebida que mais simbolize aquela porção sulista: o chimarrão.
No entanto, um hábito antigo que era bastante compartilhado até os anos 1960 ou 1970 era a caça de animais pequenos nas matas (já que, em algumas regiões do Brasil, o desenvolvimento pleno só veio tardiamente) para comer, muitas vezes caçados somente por questão de hobby, e não pela necessidade de se precisar caçar para compor a alimentação. E, um desses animais que mais eram caçados como esporte, e também, para consumo, era a rolinha. E, nesse artigo, iremos falar um pouco mais sobre essa simpática ave, que está presente em, praticamente, todo o território nacional. Além disso, iremos falar um pouco sobre a sua carne, que era muito apreciada antes. Confira a seguir:
A Rolinha
A rolinha é um pássaro da família Columbidae, que está presente em vários locais do planeta, inclusive no Brasil, sendo que essa família é a mesma a que pertence os pombos. Ela também é conhecida por ser a primeira de sua espécie que se adaptou ao meio urbano, mesmo com as constantes ameaças à sua sobrevivência. Por isso, é bastante comum encontra-la nos bairros e centros das cidades, muitas vezes, sendo confundidas com pombas jovens.
Por conta de sua assombrosa adaptação ao meio ambiente das cidades, a rolinha é muito mais encontrada no meio urbano do que no seu próprio habitat, que é, geralmente, os campos e os cerrados. No Nordeste, o nome mais comum da rolinha é “rolinha-vermelha”, tendo algumas variações dessa espécie que apresentam a penugem com uma coloração mais avermelhada.
Tem um peso aproximado de 47 gramas, podendo medir até 15 centímetros. Pode voar ininterruptamente por várias horas, inclusive podendo dormir enquanto voa. Os machos se diferenciam visualmente das fêmeas por apresentar uma coloração no tom marrom de suas penas, em contraste com a cabeça cinza. Já as fêmeas, são totalmente pardas. Mas, em ambos os sexos, a presença de pontos pretos nas asas é bastante grande. Os filhotes das rolinhas nascem com traços em sua penugem com características de ambos os sexos e, só com o tempo, é que eles vão tomando forma de acordo com o seu sexo de origem.
A alimentação da rolinha se baseia, principalmente, em grãos que possam ser encontrados no chão. Costuma ser presença garantida em locais onde quirera de milho é jogada aos pássaros e, se possuí a disponibilidade de comida o ano inteiro, ela pode se reproduzir sem parar durante esse período.
Para sua reprodução, o casal escolhe uma árvore baixa, mas que tenha proteção como predadores, para poder fazer o seu ninho, que se constitui, principalmente, em uma tigela que é confeccionada a partir de ramos e galhos secos, bem construída para evitar possíveis problemas aos ovos e aos filhotes. Para o acasalamento, o macho tem um canto grave de dois tons, que é o chamado para a fêmea e o cruzo. Quando do cruzamento e da colocação de ovos pela fêmea, o casal choca o ovo junto, se revezando nesse serviço, que pode durar de 11 a 13 dias. Os filhotes têm um desenvolvimento bastante rápido, saindo do ninho com apenas duas semanas de vida. Como já dito, as rolinhas procuram locais estratégicos para botarem seus ovos, que podem ser tanto em árvores muito altas, como em que sejam bastante baixas, como é o caso do pé da bananeira, podendo fazer ninhos, inclusive, entre os cachos. Calhas e telhados das casas também são locais onde eles costumam colocar ovos.
Como já dito, as rolinhas foram um exemplo de animal que conseguiram, com grande êxito, se firmarem no meio urbano, por conta de sua grande facilidade de se adaptar aos diferentes tipos de ambiente. A sua presença no meio urbano se dá, também, por conta da presença de grãos nas vias e praças, geralmente, jogadas pelas pessoas que gostam de alimentar pombos e outros tipos de pássaros.
As rolinhas, embora pareçam afáveis aos nossos olhos, são bastante agressivas quando se fala em disputa de comida, de território e de companheiros, com outros da mesma espécie, sendo mais “brigão”, principalmente, o macho, que costuma desferir golpes fortes contra o seu oponente. Quando se sente ameaçado, por exemplo, começa a mostrar as partes pretas de sua asa, com o intuito de amedrontar o seu oponente.
A Carne De Rolinha
A carne de rolinha, por incrível que pareça, já foi bastante apreciada, por seu gosto se parecer muito com o de frango, um parente meio distante. Até os anos 1970 e 1980, por exemplo, sua caça era liberada e indiscriminada, e as crianças daquela época eram estimuladas a praticar essa atividade. No entanto, esse tipo de atividade foi sendo cada vez mais prejudicial para a existência da ave, havendo uma redução brutal da incidência da espécie nos locais onde ela costumava aparecer. E, por isso, ela passou a figurar no hall de animais silvestres cuja a caça está proibida em todo o território nacional. Recentemente, saiu na internet a notícia que dois adolescentes, que estavam munidos de estilingues e duas rolinhas capturadas, foram levados à delegacia para esclarecimentos.
Por conta da proibição de caça, o consumo da carne foi sendo bastante reduzida.