Globalização do Sanduíche

Quando se fala em globalização um dos principais exemplos que podem ser dados é o do fast food. Empresas como o McDonald’s são usadas como exemplo de empresas de produtos globalizados, isto é, que derrubaram as fronteiras culturais e de mercado. Porém, será mesmo que o hambúrguer do fast food realmente é um exemplo de pasteurização de um segmento? Um estudo realizado pelo laboratório de Ecologia Isotópica do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP) foi realizado para encontrar uma resposta para essa questão.

McDonald’s

McDonald’s

O objetivo prático desse estudo era verificar se o produto principal do cardápio do McDonald’s, o Big Mac, é o mesmo em todo o mundo. Embora a empresa afirme que o produto é exatamente o mesmo em todas as praças o estudo observou que o Big Mac de cada país tem características próprias demonstrando que existe uma particularização desse produto.

Cultura Local

Foram analisados hambúrgueres de 26 países que contam com a presença do McDonald’s para verificar se os átomos de carbono e nitrogênio eram os mesmos. Os pesquisadores observaram diferenças entre os hambúrgueres e observaram que mesmo com a proposta de padronização a rede de fast food ainda mantém traços culturais específicos de cada local em que está instalada.

Por exemplo, na Alemanha os consumidores tem a opção de um Big Mac com molho de mostarda enquanto na Índia tem um Big Mac vegetariano e no Japão existe a versão de hambúrguer de camarão. Além disso, a carne do hambúrguer é comprada de fornecedores locais, pois é mais barato trabalhar dessa forma. Então a carne usada para os hambúrgueres é local.

Análise dos Hambúrgueres Big Mac

Sabendo que é proibido por lei trazer para o país amostras de queijo e carne os cientistas envolvidos nessa pesquisa precisaram improvisar para coletar as amostras. Os participantes da pesquisa compravam o hambúrguer e deixavam o mesmo por um período de três a quatro horas na janela do quarto do hotel para que ficasse duro. A partir desse endurecimento o hambúrguer não apresentava risco de estragar.

A análise dos hambúrgueres foi realizada com um equipamento que permite avaliar os isótopos variantes de elementos como nitrogênio e carbono. Foi possível identificar tipos fotossintéticos de C3 e C4 permitindo identificar a base alimentar do rebanho usado para fazer o hambúrguer. A diferença entre C3 e C4 é no grupo da primeiro tipo fotossintético estão as gramíneas, árvores e trigo enquanto que no segundo tipo estão milho e rações e bovinas. A pesquisa permitiu também identificar a alimentação dada para o gado em diferentes partes do mundo.

Tem Carne de Minhoca?

Embora não fosse objetivo da pesquisa ela serviu para desfazer a lenda urbana de que o McDonald’s usa minhocas para preparar os seus hambúrgueres. Todas as amostras continham apenas carne bovina, o que se verificou é que em apenas um hambúrguer poderiam estar mais de 20 bois.

Antropologia do Hambúrguer

Esse alimento pode ser usado como exemplo antropológico pelo fato de ser consumido em 120 países e por que mesmo sendo pensado num modelo de padronização apresenta características específicas de cada local. A forma como a carne é preparada, a alimentação do boi que deu origem ao hambúrguer entre outras questões trazem essas particularidades à tona.

Cada Carne tem Seu Gosto?

A pesquisa observou que existem diferenças consideráveis em relação aos isótopos de cada hambúrguer do Big Mac, porém, mesmo com essas particularidades não é exatamente perceptível a variação de sabor. Contudo, os pesquisadores comentam o fato de que as carnes têm texturas e sabores diferentes pelo mundo, por exemplo, a carne dos Estados Unidos é mais macia e tem sabor mais adocicado enquanto a brasileira tem um gosto mais marcante embora tenha uma textura não tão interessante. Isso acontece devido as diferentes fontes de alimentação do gado.

O Que o McDonald’s Diz Sobre o Estudo

A empresa se pronunciou a respeito do estudo realizado pela USP afirmando que mesmo contando com fornecedores locais nos países em que está presente mantém um padrão de gosto e preparo. De acordo com o McDonald’s o gosto do Big Mac é o mesmo em qualquer loja do mundo porque todos os fornecedores tem um padrão de qualidade que precisam manter para trabalhar com a multinacional assim como os donos das franquias são comprometidos com o sabor único.

Regionalismos do McDonald’s

Outra questão que deve ser levada em conta quando se fala sobre a globalização do sanduíche é que a principal rede de fast food do mundo investe na criação de opções especiais para cada praça. Conheça abaixo um pouco mais sobre os sanduíches do McDonald’s pensados para o local em que estão sendo vendidos.

O McDonald’s geralmente inclui no seu cardápio lanches que remetam à culinária local, aumentando a chance de o quitute decolar no país. Por exemplo, na França, ao invés de utilizar Cheedar, o McDonald’s coloca em seus lanches uma variedade francesa, o queijo Roquefort, garantindo que a população se identifique com o lanche.

Outro exemplo de como o regionalismo e a cultura do país são importantes na hora de escolher o cardápio oferecido é a índia – lá não são oferecidos os lanches que possuem carne, pois a vaca é considerada um animal sagrado no país. E para finalizar, um exemplo de que um restaurante tem mesmo que se adaptar ao paladar local: em Portugal, por exemplo, são oferecidas sopas, uma para cada dia da semana, com opções de legumes e vegetais diversos.

Assim, alguns países possuirão sabores que nós não provaremos por aqui. Mas para dar a oportunidade para que as pessoas conheçam esses sabores diferentes, o McDonald’s criou uma semana especial, em que cada dia da semana possui um lanche que só é servido em outro lugar do mundo. Assim, além de diversificar o cardápio da rede, o restaurante ainda verifica se o paladar da população se adapta a outros sabores.

Mc Pechuga

Este sanduíche de nome esquisito é vendido apenas no México e na Colômbia. Guarda bastante semelhança com o Mc Chicken que é vendido aqui no Brasil. Outra curiosidade é que nosso Mc Chicken é chamado de Mc Pollo nos países de língua espanhola. O Mc Pechuga, além do franguinho, ainda leva uma rodelinha de tomate para finalizar o lanche. Na Colômbia, os habitantes ainda podem pedir que abacate acompanhe o lanche.

Mc Rice

Este hambúrguer comercializado na China possui muitas diferenças do que é comercializado por aqui. Para começar, o hambúrguer não é feito de carne, e sim de arroz! Uma surpresa para quem achava que hambúrguer de vegetal só apelando para a soja… Além do hambúrguer de arroz, o lanche ainda leva a tradicional salada do restaurante e pão de hambúrguer. O McDonald’s não é o único restaurante a comercializar produtos feitos à base de arroz. Nos países asiáticos, o alimento é muito consumido.

Mc Burrito

Este lanche vendido no México é na verdade o tradicional prato mexicano, o burrito. O lanche leva tudo que o burrito normal tem: é uma tortinha (parecido com uma panqueca) como carne picadinha, feijão e cebola, bem temperados. O McDonald’s já havia comercializado outros produtos de caráter exclusivo no país, como o lanche que parecia com o prato “taco”.

Em países em que a lei proíbe ou a sociedade não costuma comer a carne de determinado animal, o McDonald’s segue as regras do país, inclusive não trabalhando em dias de festividade para os povos, sempre em busca de respeitar a cultura local.

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Categoria(s) do artigo:
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Comentários

  • Andressa . bom dia , meu nome é Elaine , sou graduanda de geografia e estou fazendo um trabalho sobre a globalizaçao , e estou usando o mc lanche como exemplo , eu gostaria de saber onde consigo essas informaçoes , que vc postou , mas tenho que ter referencias , .

    por gentileza vc poderia me dizer onde conseguir maiores informaçoes sobre o sistema Mc Donalds de globalizaçao . e do lanceis

    agradeço se puder me ajudar
    . e parabens pelos comentarios , as postagens

    Elaine

    Elaine 28 de janeiro de 2011 11:41

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