O fato foi constatado depois da análise de 52 obras
Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, observaram que o tamanho e quantidade das refeições exibidas na retratação do famoso acontecimento bíblico “A Última Ceia” foram aumentando significativamente com o passar do tempo – provavelmente para refletir a mudança dos hábitos alimentares com o passar dos séculos, da sociedade em que o artista estava inserido.
A refeição, descrita na Bíblia como singela, e assim retratada nas primeiras pinturas a retratar o acontecimento, com o passar do tempo foi incorporando acompanhamentos fartos, pães, pratos diversos colocados sobre a mesa.
Além da quantidade de comida ter aumentado bastante, o tamanho dos pratos e utensílios também aumentou em dois terços.
Entre as cinqüenta e duas obras analisadas estão obras de pintores famosos, como a “A Última Ceia” de Leonardo Da Vinci, além de obras criadas pelo alemão renascentista Lucas Cranach, e Rubens. As obras analisadas foram escolhidas apenas entre obras pintadas durante o último milênio, ou seja, obras pintadas durante o primeiro milênio depois da morte de Cristo não foram analisadas durante o estudo, que foi publicado em uma importante revista especializada sobre obesidade, a “International Journal of Obesity”.
Segundo os pesquisadores, o fenômeno do aumento no tamanho de utensílios e refeições retratados ocorreu de forma gradual e progressiva durante o período pesquisado.
Os americanos Brian Wansink, professor que liderou a pesquisa que também contou com a participação de seu irmão Craig Wansink, dizem que os últimos mil anos foram marcados pelos aumentos exponenciais na produção, disponibilidade, segurança, abundância e capacidade de adquirir alimentos, fazendo com que refeições fartas fossem cada vez mais comuns – e portanto cada vez mais retratadas nas representações da Última Ceia, o mais famoso jantar da história.
Aumentando
Tecnologia Utilizada
Para examinar os quadros foram utilizados computadores, que calcularam as medidas relativas dos objetos alvo do estudo. Para calcular o aumento da proporção, os pesquisadores partiram da suposição de que o tamanho médio de um pão na época de Cristo deveria ser de duas vezes a largura média da cabeça de um dos discípulos. Assim, foi possível criar uma proporcionalidade importante na hora de averiguar o aumento dos pratos e porções.
Outras
Resultados da Pesquisa
Como resultado, os pesquisadores obtiveram os seguintes dados:
- o tamanho do prato principal aumentou 69% e o tamanho dos utensílios aumentou em dois terços, entre a primeira pintura analisada e mais antiga (um quatro pintado aproximadamente no ano mil) e a pintura mais recente, que data do século 18.
- O tamanho do pão, analisado separadamente, aumentou aproximadamente 23%.
- O aumento das porções se deu de forma mais acelerada depois do século 16.
- Os cientistas afirmam que as refeições principais aumentaram em 69% e o tamanho do prato
- O cientista Craig Wansink, professor de estudos religiosos, não acredita que o aumento das porções tenha se dado por razões religiosas, e sim por refletir a realidade dos autores das obras.
Andressa Silva.
